Geração Z só pede opinião do chefe em último caso; o que gestores podem extrair disso? w1c5d
Especialistas defendem o fim da rotulação dos jovens no mercado de trabalho e mais conexão 425u1l
Estudo revela que a geração Z prioriza buscar informações na internet e IA, como ChatGPT, em vez de consultar chefes, destacando a importância de líderes focarem em habilidades socioemocionais e reconexão para engajar jovens no mercado de trabalho.
Na sua rotina de trabalho, quando surge uma dúvida, quem você costuma procurar? A resposta pode depender de quanto tempo você tem na empresa, qual o seu nível de abertura com seus colegas e chefe e, além disso, de qual geração você faz parte. 661b25
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Uma pesquisa sobre futuro do trabalho mostrou que, entre a geração Z, os chefes estão em último lugar quando eles pensam em aprender algo para o trabalho. O estudo denominado "Should I Stay or Should I Go? Paradoxos e Referências da Gen Z sobre Liderança” trouxe que 59% dos 416 entrevistados buscam primeiro a internet.
Apenas 26% escolheram a opção "pergunto para meu chefe". Ainda: 51% preferem buscar vídeos sobre o tema e 36% recorrem ao ChatGPT.
Este último inclusive, aparece em destaque uma outra vez, quando 47% dos jovens disseram ter recebido melhores conselhos da ferramenta de Inteligência Artificial (IA) do que de seus gestores.
Mas os dados não necessariamente significam uma desconexão entre esses jovens, de 15 a 28 anos, com seus chefes.
Milena Brentan, 42, psicóloga para alta liderança, entende que as perguntas feitas pela geração Z à IA costumam ser de teor técnico. O "pulo do gato" para a gestão seria complementar essas buscas, oferecendo o lado humano.
"Essas pesquisas são de cunho de 'como é que eu posso aprender isso?'. 'O que é que eu preciso saber sobre aquilo?'. Ou seja, o chefe, gestor, líder, como a gente quiser chamar, ele não é mais a primeira pessoa vista para dar informações que podem ser adas em outros lugares", afirma.
Assim, ela complementa que a maior contribuição que a liderença pode dar é de oferecer habilidade emocional, a capacidade para lidar com pressão, julgamento ético, senso crítico, ser uma referência de qualidade.
"São questões que o ChatGPT, pelo menos hoje, e no horizonte que se enxerga, não dá conta de ar. E é justamente o que faz a gente, como ser humano, tão especial. A gente não pode querer brigar com a máquina", define.
Reconexão com a geração Z s3l25
Em sua experiência como consultora e psicóloga, Milena reforça que os choques culturais entre as gerações sempre existiram. Desta vez, no entanto, o choque parece ser maior justamente por causa da tecnologia.
"A realidade tecnológica é muito peculiar, está sendo comparada a invenção da imprensa, está sendo comparada a revolução industrial. Ela, de fato, está sendo uma grande onda que muda a forma como a gente não só trabalha, mas a gente vive, a gente decide", afirma.
Cíntia Gonçalves, que realiza a pesquisa sobre o futuro do mercado de trabalho há cinco edições, afirma sentir uma desconexão entre a geração Z e as atuais lideranças. É como se houvesse uma lógica de confronto, e não de engajamento com os jovens que estão se inserindo no mercado.
"Eu entendo, e no estudo isso ficou muito claro, que pertencimento é o primeiro o. Enquanto eu estiver com rótulo em relação a essa geração, enquanto eu estiver na crítica e não na busca da solução, vai ser muito difícil esse engajamento. Para mim, tudo começa no pertencimento. Eles precisam se sentir convidados para o mundo do trabalho, incluídos", considera Cíntia.
Sua percepção é compartilhada pela consultora Milena, que questiona o porquê dos líderes não buscarem entender a oportunidade que a geração Z traz para que a sua empresa seja mais eficiente.
Orientação mais detalhada 444u5i
A neuropsicóloga Andréia Gonçalves acompanhou a realização do estudo e avalia que, de um lado, a geração Z tem um maior potencial no que diz respeito à capacidade cognitiva, mas por outro, tem dificuldade em tornar esse potencial funcional.
"É uma geração que tem mais dificuldade de entender a sua forma ideal de aprendizagem. A gente costuma, na área da neurociência, utilizar um termo chamado 'miopia do tempo'. Então, eu consigo estabelecer metas, mas eu não consigo estabelecer o processo para atingir aquela meta", afirma.
Ou seja, mesmo com a capacidade intelectual bem desenvolvida, os jovens ainda precisariam de uma orientação mais cuidadosa para cumprirem objetivos específicos.
Em síntese, a também psicóloga Milena Brentan recomenda que os gestores saibam dar espaço de erro e acerto para essa nova geração.