Vídeo mostra agressão de policiais israelenses a cristãos palestinos em 2018, não em 2025 b3a5c
IMAGENS FORAM GRAVADAS DURANTE PROCISSÃO DE DOMINGO DE RAMOS EM JERUSALÉM 5f1x7
O que estão compartilhando: vídeo mostraria soldados israelenses agredindo cristãos em Jerusalém durante a celebração da Páscoa. c1o20
O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso, porque o vídeo não é recente. A cena de agressão ocorreu em 25 de março de 2018, durante a procissão do Domingo de Ramos, em Jerusalém. Apesar de o vídeo em questão ser antigo, há registros deste ano de repressão israelense durante celebrações alusivas à Páscoa. O Ministério das Relações Exteriores da Palestina classificou os episódios contra cristãos como racistas e discriminatórios. Israel alega cumprimento de medidas de segurança.
Saiba mais: Um usuário do Threads, rede social que se assemelha ao antigo Twitter, postou, no dia 20 de abril, um vídeo de policiais israelenses agredindo pessoas que participavam de uma procissão, em Jerusalém. Na legenda, ele escreveu "URGENTE!!! Cristãos celebrando a Páscoa são brutalmente espancados pelo exército de Israel". A postagem omite que o episódio não é recente, o que pode levar as pessoas ao engano.
Vídeo é de 2018
O momento da agressão registrado no vídeo que circula no Threads também foi capturado pelo fotógrafo Mostafa Alkharouf, da Anadolu Ajansip, agência de notícias estatal da Turquia. O vídeo dele está no Getty, um site que vende imagens e gravações.
O Getty informa que a gravação mostra a procissão do Domingo de Ramos, de 2018, em Jerusalém. O conflito entre forças policiais israelenses e fiéis, ainda de acordo com o site, teria ocorrido porque um grupo de peregrinos teria desfraldado uma bandeira da Palestina durante o cortejo.
Na imagem abaixo é possível ver que algumas das pessoas que aparecem no vídeo do fotógrafo também estão na gravação que circula no Threads, o que prova que ambas as gravações mostram o mesmo momento, mas de perspectivas diferentes.
Pela tradição cristã, o Domingo de Ramos é celebrado uma semana antes da Páscoa. Segundo a Bíblia, foi nessa data que Cristo chegou a Jerusalém, onde dias depois seria preso e morto na cruz.
Este ano o Domingo de Ramos foi em 13 de abril. Nesse dia, é comum a realização de procissões, nas quais os fiéis saem em comunidade, com os ramos nas mãos, para manifestar o desejo de acolher Jesus em suas vidas.
Em Jerusalém, tradicionalmente, os devotos caminham do monte das Oliveiras até o portão do Leão, uma das entradas de o à parte antiga da cidade.
O vídeo que circula no Threads, que mostra a repressão dos policiais israelenses, em 2018, foi filmado a poucos metros de distância da entrada do portão. Este ano não foram encontradas notícias de conflito no Domingo de Ramos, mas houve episódios de repressão no sábado que antecede o domingo de Páscoa.
A polícia israelense entrou em confronto com fiéis cristãos e com um padre enquanto eles tentavam ar a Igreja do Santo Sepulcro, local onde acredita-se que Jesus foi crucificado, sepultado e, posteriormente, teria ressuscitado, e que está em território israelense.
De acordo com a guia de turismo que trabalha em Israel Aline Szewkies, o confronto aconteceu porque pessoas que não tinham autorização quiseram entrar à força na igreja. "As autorizações são distribuídas pelas igrejas cristãs que têm controle do Santo Sepulcro", explicou em resposta enviada por e-mail ao Verifica.
Reportagem publicada pelo The Guardian explica que durante anos, os cristãos dos territórios palestinos recebiam regularmente autorizações para visitar Jerusalém na época da Páscoa, mas desde o início da guerra com o Hamas, em 7 de outubro de 2023, essas permissões se tornaram quase impossíveis de serem obtidas.
"Nesta Páscoa, o governo anunciou que havia emitido 6 mil autorizações, embora haja 50 mil cristãos - a maioria católicos ou ortodoxos gregos - vivendo na Cisjordânia além de Jerusalém Oriental. No entanto, na realidade, apenas 4 mil autorizações foram concedidas, de acordo com os líderes cristãos, e muitas vezes apenas para alguns membros de cada família que se candidatou", informou o jornal.
