Fundos marinhos podem ser o novo eldorado econômico? 15382
Às vésperas de uma Conferência da ONU sobre os Oceanos, em Nice, no sul da França, de 9 a 13 de junho, as revistas sas semanais trazem reportagens sobre a importância estratégica do fundo do mar, "um espaço de confrontação com drones, robôs e inteligência artificial", descreve a L'Express. 203h4b
Às vésperas de uma Conferência da ONU sobre os Oceanos, em Nice, no sul da França, de 9 a 13 de junho, as revistas sas semanais trazem reportagens sobre a importância estratégica do fundo do mar, "um espaço de confrontação com drones, robôs e inteligência artificial", descreve a L'Express. 445c5c
A revista destaca que muito além do estudo do plâncton, correntes marítimas e baleias, navios científicos russos "fazem espionagem de infraestruturas submarinas que possam ser alvos para Moscou". É o caso do navio Yantar, que ao se aproximar da costa do Reino Unido, em novembro, foi cercado por barcos da Marinha Real. A reportagem explica como os países do Ocidente estão preocupados com manobras de guerra nas profundezas, como cortes de cabos de comunicação.
A essa dimensão militar, soma-se "o interesse crescente das grandes nações pelos recursos minerais consideráveis e inexplorados que repousam nas profundezas dos oceanos".
A revista L'Obs destaca que, em março, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto autorizando a exploração e extração de minerais fora da jurisdição americana, ou seja, em águas internacionais e "patrimônio comum da humanidade". Os números envolvidos na operação são impressionantes: 1 bilhão de toneladas de materiais coletados em dez anos, 100 mil empregos criados e um ganho de US$ 300 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB).
O novo eldorado econômico? q2i61
A conquista dos grandes fundos marinhos, o último espaço inexplorado do planeta, estaria começando? Muitos temem que sim, afirma L'Obs, acrescentando que se ninguém agir a tempo, essa será "a nova conquista do Oeste", onde o primeiro a chegar sairá ganhando.
Enquanto os Estados Unidos veem o fundo do mar como o novo eldorado econômico, outros 33 países, entre eles a França, pedem cautela. Contudo, as discussões patinam há dez anos, no âmbito da Autoridade Internacional de Fundos Marinhos (AIFM), organização encarregada de definir as regras em águas internacionais e emitir eventuais licenças de exploração.
Até hoje, apenas 25% dos fundos marinhos foram cartografados e 1% explorado, o que já é suficiente para abrir o apetite das grandes potências mundiais.
Os ecologistas alertam, no entanto, que essas áreas nas profundezas do mar estão conectadas ao resto do planeta e modificá-las pode ter consequências aos ciclos biogeoquímicos da Terra.